sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Quando somos crianças...

Consigo me lembrar de quando eu levantava sete horas da manhã pra ver desenhos. Lembrar de quando minha imaginação era tão fértil quanto a do Bob, quando meus problemas se resumiam à bobeiras. Quando eu não entendia os adultos e acreditava entender tão bem, conseguindo até ficar irritado quanto não davam credibilidade ao que eu dizia. Lembrar que sonhava tão alto e conseguia ficar feliz com tão pouco. Um doce, um brinquedo, uma brincadeira.
Conseguia chorar por um machucado, conseguia rir com um chocolate trazido pelo meu pai no fim de um longo dia de trabalho.
Saudade de quando as ruas eram tão mais perigosas, de quando meu mundo era tão menor...
De quando as mentiras tinham menos peso. Não era preciso medir palavras, e não se conhecia tão bem o poder delas.
Saudades de quando eu queria crescer rápido, mesmo ouvindo todos dizendo que eu ia sentir falta da minha infância.
A relação com outras pessoas era menos estreita, você não tinha que escolher entre, ter uma resposta pra tudo que te perguntavam, ter razão pra fazer ou deixar de fazer uma coisa.
E quanto aos sonhos...Ah, os sonhos...Uma imagem tão distorcida da vida.
É engraçado acreditar em tanta imaturidade. E quando a gente cresce a gente percebe, que eles tavam certos. Que iamos sentir saudades, que estavamos na melhor época da nossa vida.
Pelo menos eu, nunca parava pra pensar na vida quando era criança. E acho que seria mais feliz se não tivesse noção de muitas coisas ainda.

Nós crescemos, aprendemos a escrever, a pensar (em alguns casos), a amar, odiar, entrar em estereótipos do tipo que escreve coisas que só faz sentido pra ele num blog como se alguém fosse dar a minina.
Engraçado é que algumas coisas não mudam. Continuamos tendo sonhos extraordinários, esperando a vida mudar de repente. Esperando a felicidade vir numa garrafinha e não notar que estamos deixando tudo pra depois.
Num dia, querendo que o tempo passe logo, no outro querendo que o tempo volte.

Alguns de nós até aprendemos a tocar violão, passamos a escrever músicas, as vezes sobre situações vividas, as vezes pra situações de outras pessoas. As vezes juntando palavras simplesmente por elas ficarem bonitas juntas.
Mas pra que mostrar...Acho que a baixa estima acompanha alguns de nós desde a infância.
É, como diz Richard Ashcroft " Todo esse papo de envelhecer me deixa tão triste meu amor."

" While we're living
The dreams we have as children
Fade away, away, away
They fade away, away, away "

2 comentários:

  1. Meuuu que post fantástico! Tudo o que disse é a mais pura e cruel verdade. É tudo tão bom quando se é criança, é tudo tão chato agora... mas quando crescermos um pouco mais, veremos o quanto o agora é bom. Sei lá... eu sempre esperei que minha vida mudasse de repente. E ainda vou esperar... sempre...

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